Prefeita de Campo Grande Institui Dia da Igreja Universal: Impessoalidade e Diversidade Religiosa em Xeque?
Instituição da data levanta questionamentos sobre favorecimento religioso na administração pública de Campo Grande

No dia 7 de março de 2025, a prefeita evangélica de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), sancionou o Decreto Lei nº 7.380, instituindo o Dia Municipal da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). A data escolhida para a celebração é 9 de julho, mesma data já reconhecida em nível estadual desde 2020.
A instituição de datas comemorativas específicas para determinadas religiões não é inédita em Mato Grosso do Sul. Anteriormente, outras datas, como o Dia das Assembleias de Deus, também foram estabelecidas.
Essas iniciativas visam reconhecer e valorizar a contribuição de diversas instituições religiosas para a sociedade.
No entanto, surgem questionamentos sobre a imparcialidade do governo municipal ao privilegiar uma denominação específica. A prefeita Adriane Lopes, identificada com a Igreja Assembleia de Deus, nomeou recentemente 12 pastores dessa igreja para cargos na administração municipal, o que gerou discussões sobre a laicidade do poder público e a equidade no tratamento das diversas religiões.
A Constituição Federal brasileira estabelece a separação entre Estado e religião, garantindo liberdade religiosa e proibindo privilégios a qualquer culto. Nesse contexto, é fundamental que o poder público atue com neutralidade religiosa, assegurando que ações e políticas públicas contemplem todas as comunidades de fé, sem favorecimentos ou discriminações.
A criação de datas comemorativas religiosas deve ser cuidadosamente avaliada, considerando o princípio da impessoalidade e a diversidade religiosa da população. É essencial que tais iniciativas sejam resultado de um processo legislativo transparente e participativo, ouvindo representantes de diferentes segmentos religiosos e garantindo que os recursos públicos sejam utilizados de forma equitativa.
Em suma, a instituição do Dia Municipal da Igreja Universal do Reino de Deus levanta importantes reflexões sobre a relação entre governo e religião em Campo Grande. É crucial que a administração pública atue de maneira imparcial, respeitando a pluralidade religiosa e assegurando que todas as comunidades de fé sejam tratadas com igualdade e respeito.
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